Thursday, March 7, 2013

F3 Internacional no Brasil, que diferença fazem 39 anos



Foi realizado no último fim de semana de 2010 o F3 Open em Interlagos. Só posso dizer, que diferença fazem 39 anos!!!

Em 1971 foi realizado o primeiro torneio internacional de F3 do Brasil, com provas em Interlagos e Tarumã. É certo que naquela altura das coisas, a F1 nem tinha chegado no Brasil ainda, e de fato, nem a F2. Os monopostos de F3, diga-se de passagem muito menos potentes do que os atuais, representavam o máximo em termos de monopostos internacionais vistos por uma geração jovem de brasileiros. As corridas tiveram clima de GP, e no fim das contas, até um futuro campeão mundial de F1 participou da festa, o Alan Jones. Apesar da ausência do nosso melhor piloto da época, Emerson Fittipaldi, lá estavam Wilsinho, Pace, Marivaldo, Luisinho, Fritz Jordan, etc. E outros botas da F3 da época, não brasileiros.

A maioria dos carros que disputavam corridas no Brasil, no começo de 1971, tinham motorização VW. eram Pumas, muitos Fuscas de D3, protótipos de fundo de quintal. Havia alguns puros sangues nas nossas pistas, mas eram poucos. O país não tinha uma categoria de monopostos na ocasião.

Quanto ao F3 Open, pouquíssimos carros na pista, menos de dez, o que dizer de estrangeiros. Clima de morte da bezerra, em vez de clima de F1, pouca promoção. Não tenho bola de cristal, mas não vejo nenhum futuro campeão na lista de inscritos. Quem sabe, o Alan Jones também não parecia candidato a nada em 1971.

Enfim, como 39 anos mudam as coisas. Às vezes para melhor, às vezes...

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo, e segundo alguns, pessimista.

Luiz Schaffer na F3, 1982



Luiz Schaffer era um paranaense super rápido, que após boas temporadas correndo na F-VW 1300 se aventurou a correr na F3 britânica em 1982, após temporadas na Formula Ford em 1980 e 1981. Schaffer ganhou e liderou provas na FF britânica, mas infelizmente, seus feitos foram obscurecidos por um certo Ayrton Senna da Silva que chegou na parada em 1981.

Ainda assim, Schaffer chegou na F3 antes de Ayrton. Em 1982, Luiz foi um dos três brasileiros a correr na categoria. Um deles, Roberto Moreno, já tinha experiência e ganhou corridas, após iniciar a temporada atrasado. O terceiro, Fernando Macedo correu com um Ralt da Eddie Jordan, e após diversos resultados ruins, foi substituído antes do final do ano.

Já Schaffer corria na Neil Trundle Engineering, que usava um Ralt RT3 equipado com motor Toyota preparado por Mader. Nessa altura das coisas já havia equipes profissionais de F3, e simplesmente chegar com a cara e a coragem e montar seu próprio esquema era receita para fracasso. Ainda haviam os independentes como o argentino Carlos Arguelles, mas para eles só sobravam as últimas colocações. Era jogar dinheiro fora.

Luiz começou a temporada largando em 5o. e abandonando, após um acidente. Em Thruxton, já mostrou serviço, largando em sexto e chegando em quinto. Na quarta prova, Luiz já despontava como um dos possíveis astros do campeonato, pois largou em segundo e chegou na mesma posição. Entretanto, apesar de um futuro promissor, Schaffer só marcou ponto em mais uma corrida, em Snetterton, onde chegou em quinto, e daí, basicamente, a grana acabou. Com dez pontos marcados após 7 corridas, Luiz tinha chances de chegar nos quatro primeiros do campeonato, com um pouquinho mais de sorte, pois ainda faltavam 12 provas. Infelizmente, assim acabou a sua carreira internacional. O canadense Kees Nierop tomou o seu lugar na equipe.

Curiosamente, o vice-campeão da F3 inglessa naquele ano foi um argentino, Enrique Mansilla, que corria pela West Surrey. devemos lembrar que naquele ano, a Argentina e a Inglaterra tiveram a curta guerra das Malvinas - ou seja, o platino deve ter passado poucas e boas. Além dele e do Carlos Arguelles, outro argentino participou da F3 inglesa naquele ano, Enrique Benamo. Esses três escolheram o pior ano para se aventurar na Inglaterra!!!

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

Monday, March 4, 2013

Wilsinho na Temporada de F3 de 1971

Sem dúvida, a melhor performance Wilson Fittipaldi Junior no automobilismo internacional ocorreu na Temporada Brasileira de Fórmula 3, no início de 1971. Wilson ganhou duas etapas, sendo o brasileiro que mais se destacou no torneio. E nas etapas que não ganhou, ganhou uma bateria em cada.

Havia muitos brasileiros excelentes no torneio, incluindo Jose Carlos Pace, Fritz Jordan, Luiz Pereira Bueno, Marivaldo Fernandes e dois pilotos cariocas que fariam parte da categoria naquele ano, Jose Maria Giu Ferreira, e Ronald Rossi.

Entre os estrangeiros, havia um futuro campeão mundial de F1, Alan Jones, e alguns futuros pilotos da categoria máxima do automobilismo, David Walker, Francois Migault, David Purley, Tony Trimmer e Torsten Palm. Entre os que nunca chegariam a F1, destacavam-se Giovanni Salvati, que ganhou uma prova na geral, e o suiço Jurg Dubler.

Na primeira corrida, a primeira fila foi completamente brasileira, com Wilsinho na ponta, seguido de Pace e Luisinho. Wilsinho ganhou as duas baterias, de passagem, dois 1-2 brasileiros, na primeira seguido por Pace, na segunda por Luisinho.

Uma semana depois, no dia 17, Wilsinho conseguiu mais uma vez a pole, com 3m01.8", desta vez seguido do italiano Claudio Francisci e Moco. Wilsinho ganhou as duas baterias, a primeira seguido de Salvatti e a segunda, de Walker, que era um dos pilotos oficiais da Lotus (o outro era Trimmer)

Na terceira prova, do dia 25, Wilsinho não marcou tempo de classificação, e mesmo largando em último (em vigésimo lugar) , ganhou a bateria por quatro décimos de segundo sobre Walker. Na segunda bateria, Wilsinho chegou somente em sexto, e o vencedor da bateria, Giovanni Salvati, acabou vencedor no agregado.

Em Porto Alegre, David Walker finalmente ganhou uma corrida, fazendo jus ao título  de favorito. Wilsinho marcou a pole, com Pace em terceiro lugar, e ganhou a primeira bateria, mais uma vez com um décimo de diferença. Na segunda bateria, Walker conseguiu superar Wilsinho por dois décimos, assim, ganhou na geral com um décimo de diferença!.

Walker dominaria a F-3 inglesa naquele ano, que o levou a ser contratado como piloto da Lotus na F1, em 1972.  Na F1, o piloto rápido simplesmente desapareceu, e sequer marcou um ponto enquanto o brasileiro se sagrava campeão mundial. Para piorar, Emerson Fittipaldi disse que foi o companheiro de equipe mais estranho da sua vida nas pistas. Wilsinho fez boa temporada na F2 em 1971, sem nenhuma vitória, e também chegaria na F1 em 1972. Giovanni Salvati participaria da temporada de F2 no Brasil, no final do ano, e foi morto em um acidente em Tarumã.

A Temporada Brasileira de F3 foi o epílogo da F3 de 1 litro.

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami    

Tuesday, February 26, 2013

BRASILEIROS NA FORMULA 3 , 1986


Sim, o automobilismo é. as vezes, um esporte injusto. Em termos de brasileiros, acho que a maior injustiça foi Maurizio Sandro Sala nunca ter chegado à Fórmula 1. Diversos outros pilotos com menos gabarito, mas bolsos mas cheios e melhor relacionados, conseguiram chegar lá, mas apesar de uma excelente temporada na Fórmula 3, em 1986, Sala teve que se contentar com uma carreira em carros esportes, na qual foi muito bem sucedido. Se é algum consolo, seu maior concorrente na temporada de 1986, Andy Wallace, também nunca chegou à F-1 (outra injustiça) e o terceiro colocado, Martin Donnely, por muito pouco escapou da morte na categoria maior do automobilismo. Sala já começou o ano ganhando, com seu Ralt VW, a primeira rodade em Thruxton, seguido de Wallace. As posições se inverteram em Silverstone, com Wallace em primeiro e Sala em segundo, e depois Sala conseguiu abrir vantagem sobre o inglês, com duas vitórias seguidas, em Thruxton e Silverstone. A partir daí as coisas de se inverteram, e Wallace teve um melhor fim de temporada, de fato ganhando as quatro últimas provas. Sala ainda ganharia mais uma prova, em Snetterton, perfazendo um total de quatro vitórias e o vice-campeonato inglês de Fórmula 3

4 vitórias

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

BRASILEIROS NA FORMULA 3 , 1990


Após o apagado desempenho brazuca em 1989, esperava-se muito de Christian Fittipaldi, que havia ganho o Campeonato Sul-Americano da categoria do ano anterior. O filho de Wilson Fittipaldi Jr. correu com um Ralt Honda da West Surrey Racing, insuficiente para trazer-lhe o título britânico. O ano foi dos dois finlandeses Mika, Häkkinen e Salo, e o melhor que Christian pode fazer foi obter uma vitória em Donington, além de um 2° em Silvertone e um 3°lugar em Snetterton. Niko Palhares também disputou algumas provas do campeonato inglês, com um Reynard VW e sua melhor colocação foi 10°, em Brands Hatch. Jose Cordova disputou duas provas, e sua melhor colocação tam,bem foi 10°.


A grande novidade do ano foi a participação de um brasileiro no campeonato alemão, que cada vez mais se internacionalizava. Eduar Merhy Neto escolheu a série alemã, disputando diversas corridas com um Reynard Opel. Obteve um 4° lugar em Nurburgring e um 5° em Zeltweg, Áustria.

Na Corrida de Fuji, Maurizio Sandro Sala, piloto de prestígio no Japão, correu com um Ralt Honda e abandonou.

1 vitória

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

Brasileiros na Formula 3, 1970


Após a bem sucedida expedição de Emerson Fittipaldi no campeonato inglês de Fórmula 3, dois dos melhores pilotos brasileiros da época resolveram tentar o sucesso nos diversos campeonatos ingleses nesse ano: Jose Carlos Pace e Wilson Fittipaldi Junior. Além destes, o paulista Fritz Jordan também disputou algumas provas.


A grande diferença sentida pelos pilotos brasileiros era o número imenso de corridas em que participavam: tanto Pace como Wilsinho participaram de trinta provas no ano, ao passo que no Brasil estavam acostumados a disputar no máximo cerca de dez a quinze provas por ano. Além disso, no Brasil estavam mais acostumados com corridas de longa duração, e as provas de Fórmula 3 muitas vezes mal tinham dez minutos de um ritmo frenético. Assim, os dois demoraram um pouco para pegar o ritmo das coisas, embora obtivessem diversos resultados entre os seis primeiros já desde o começo da temporada.


Pace disputou o campeonato com um Lotus 59, e obteve quartos lugares nas suas três primeiras provas. Sua primeira vitória foi obtida em Thruxton, na décima primeira tentativa mas antes do final do ano, obteria mais três vitórias, além de conquistar um dos três torneios ingleses, o Lombank. As quatro vitórias de Pace ocorreram em Thruxton, Croft, Oulton Park e Crystal Palace, um antigo circuito situado no centro de Londres.


Wilson Fittipaldi Junior também correu com Lotus-Ford, e teve uma temporada um pouco mais eclética, com algumas participações na França, em Rouen, Monthlery e Paul Ricard, além de disputar o GP de Mônaco de Formula 3. Wilsinho não foi tão bem sucedido quanto Pace, mas ganhou três vezes, em Silverstone, Thruxton e Brands Hatch, e de fato ganhou uma prova antes de Pace. Além disso, Wilsinho também ganhou a Coupe du Salon, em Monthlery, conseguindo assum ganhar uma corrida no continente. Wilsinho bateu Jean Pierre Jarier por pouco mais de um segundo.


Fritz Jordan também correu com Lotus Ford, mas não conseguiu os mesmos resultados dos dois outros brasileiros. Ainda assim, conseguiu dois 5°s lugares, em Brands Hatch e Oulton Park.

Pace no seu carro de F 3- Wilsinho no muro

8 Vitórias
José Carlos Pace, campeão do Campeonato Lombank de Fórmula 3

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

Brasileiros na F3, 1966


A primeira participação de brasileiros na Fórmula 3, no exterior, se deu em 1966 quando Wilson Fittipaldi Jr. participou da Temporada Argentina de F-3, com o Willys Gávea. Os resultados foram modestos, mas deve-se considerar que o chassis do carro foi construído no Brasil, embora o conjunto motopropulsor fosse francês. Os resultados estão aqui. Posteriormente, Wilson tentou se aventurar na F-3 Européia, conseguindo se inscrever somente na Coupe de Vitesse, em Reims, com um Pygmee. Não conseguiu classificar-se para a largada, e resolveu voltar para o Brasil.

0 vitorias

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

Brasileiros na F-3, 1988


Nesse ano, enquanto Ayrton Senna tinha a melhor performance de um brasileiro no Mundial de Pilotos, com 8 vitórias, e Roberto Moreno se tornava o primeiro brasileiro a ganhar o campeonato de F-3000, o desempenho dos brasileiros na Fórmula 3 Européia foi um grande desapontamento. Paulo Carcasci correu cinco vezes, com um Reynard-Alfa Romeo, e embora inscrito em diversas outras corridas, freqüentemente não alinhou para a largada. Sua melhor colocação foi um 10° obtido em Silverstone. E ele foi o brasileiro melhor colocado na categoria. Oswaldo Negri largou três vezes, obtendo um 12° lugar e abandonando duas vezes. Já Gil de Ferran, fez sua estréia na última corrida em Silverstone, chegando em 15°, mas disputando a prova com um carro da classe B, com melhor posição no grid do que muitos pilotos da classe A. Um ano esquecível.

0 vitórias.

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

BRASILEIROS NA FORMULA 3 , 1975



Após o esquisito ano de 1974, no qual os dois campeonatos ingleses de formula 3 pareciam moribundos, o RAC tomou a decisão certa de realizar somente um campeonato para a categoria, patrocinado pela BP. Dois pilotos brasileiros representariam o país na categoria, Alex Dias Ribeiro, que no ano anterior chegara em segundo em um dos campeonatos, e Ingo Hoffmann, estreante na categoria. Os dois correriam com March 753-Toyota, sendo que Alex faria parte da equipe de fábrica. O ano começou bem para Alex, que ganhou uma prova extra-campeonato em Thruxton, mas logo entrou em uma fase não muito positiva, acidentando-se muito. Foi oitavo na primeira prova do campeonato, e abandonou nas três seguintes, incluindo uma desastrada atuação em Mônaco. Daí, recuperou-se um pouco, com uma vitória em Brands Hatch, mas infelizmente para Alex seu companheiro de equipe Gunnar Nilsson estava tendo um desempenho maravilhoso, e logo começou a monopolizar as atenções da equipe. A primeira metade do ano foi terrível para Alex, exceto pelas duas vitórias, mas a partir de Caldwell Park, em julho, os resultados começaram a aparecer, e Alex, que estava em 6° na tabela começou a subir de produção. Alex ganhou em Thruxton novamente, subindo para quarto no campeonato, e pontuou nas últimas cinco corridas do ano, chegando na penúltima prova em terceiro lugar. A última corrida foi realizada em Thuxton e Alex ganhou mais uma vez na pista, e abocanhou o vice campeonato, batendo o americano Danny Sullivan.

Ingo teve uma atuação mais modesta, porém mais constante. deixou de participar das duas primeiras corridas do campeonato mas pontuou nas suas duas primeiras provas, com 5° e 6° (em Mônaco) e de fato, pontuou 11 vezes ao todo. Na 18a etapa, em Oulton Park, Ingo já havia subido diversas vezes no podium, com um segundo e três terceiros lugares e só faltava uma vitória, que veio nessa corrida, com 1-2 brasileiro e volta mais rápida para Ingo, que terminou em 6° no campeonato.

Marcos Moraes estava inscrito em Mônaco, mas não compareceu.
Alex e o March de fabrica


Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

BRASILEIROS NA FORMULA 3 , 1977


Nada menos do que cinco brasileiros tentaram a sorte na Fórmula 3 em 1977, e somente um foi bem sucedido. Ao passo que Nelson Piquet e Fernando Jorge decidiram disputar o Campeonato Europeu de Fórmula 3, os outros quatro, Mario Pati Jr, Mario Ferraris Neto e Aryon Cornelsen resolveram se concentrar no Torneio Britânico, embora tenham também disputado algumas corridas no continente. Piquet correu com um Ralt, e o começo da temporada não foi muito bom.

Nas suas primeiras oito corridas pontuou só uma vez, com um terceiro lugar em Osterreichring, Áustria. Entretanto, após a rodada de Silverstone Piquet ganhou momento, obtendo cinco pódiums seguidos (dois terceiros, dois segundos e finalmente, a primeira vitória, em Kassel Calden, Alemanha). Coroou o ano com outra vitória em Jarama, Espanha, obtendo o terceiro lugar no Campeonato Europeu. Mario Pati Junior disputou 22 corridas com um March, obtendo dois segundos lugares em fracas provas extra-campeonato. Uma dessas provas é curiosa pois marcou a estréia de Nigel Mansell na F-3 (Donington Park)/ Nos campeonatos ingleses marcou pontos em duas ocasiões, com um 5° e um 6° no final do ano. Também não teve uma performance boa em Mônaco. Ferraris, que fora campeão paulista de Fórmula Vê em 1975, e também o único brasileiro a ganhar uma prova internacional em 1976, na Fórmula Ford inglesa, parecia ter futuro. Fez dupla na March Racing com Cornelsen, e seu melhor lugar foi um 3° na segunda prova de Thruxton do ano. Também obteve um 5° lugar em Caldwell Park, mas logo acabou o seu dinheiro, e só disputou onze provas. Cornelsen voltava à Fórmula 3 após uma discreta participação em 1976, e seu desempenho só pode ser categorizado como apagado. Abandonou a maioria das provas em que participou, e só esteve na zona de pontos na prova de fechamento do ano, quando chegou em 4° lugar. Nunca mais se ouviu falar de Cornelsen no automobilismo. Fernando Jorge fizera furor como estreante na Fórmula Super-Vê brasileira, em 1976, mas na F-3 esteve longe de ser uma estrela. Seu primeiro ano na categoria também foi coroado de abandonos, e a melhor posição foi um humilde 9° lugar em Donington. Se não fosse por Piquet, teria sido um péssimo ano.

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

BRASILEIROS NA F3, 1976



Três brasileiros participaram das corridas européias de Fórmula 3, em 1976. Um, ilustre desconhecido, e outro ilustre conhecido, e o terceiro o único brasileiro a vencer uma prova no exterior em 1976. O conhecido era Paulo de Mello Gomes, que tivera excelente performance na condução dos carros Maverick, nas duas últimas temporadas brasileiras, e que já tinha grande experiência no automobilismo. O desconhecido era Aryon Cornelsen filho, piloto paranaense. O vencedor de prova era Mario Ferraris Neto, que vencera na Formula Ford inglesa. Ao passo que Aryon e Ferraris usaram o conhecidamente eficaz March para as suas campanhas, Paulo Gomes achou que o Modus poderia proporcionar-lhe mais sucesso, pois de fato o carro vinha surpreendendo no final de 1975. No fim, o melhor resultado na temporada foram dois terceiros lugares obtidos por Paulo Gomes, um na terceira corrida do Campeonato Shellsport, e  outro em uma prova extra campeonato em Brands Hatch, no fim do ano Além dessa corrida, Paulo Gomes pontuou raramente, e terminou o campeonato Shellsport em 9° lugar. Já Cornelsen obteve seis pontos no Campeonato BP Super Visco, que lhe renderam a 10° colocação co campeonato. O melhor resultado de Aryon, em uma prova, foi 4° na 5a. etapa do campeonato em Brands Hatch. Aryon e Gomes também participaram do GP della Lotteria di Monza, Aryon obtendo o 7° lugar na prova, e Paulão abandonando. Mario Ferraris Neto, que pretendia correr na F-3 em 1977, fez uma corrida teste em Brands Hatch abandonando.

Paulo Gomes na sua aventura na Europa. O carro é um Modus


Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

Wednesday, February 20, 2013

NORDESTE NA EUROPA



Tenho uma queda por pioneirismo, gosto de escrever sobre o assunto, e detectar pioneiros e fazer justiça aos mesmos.

Hoje em dia não choca muito falar sobre pilotos nordestinos ou nortistas com destaque no automobilismo. Entre outras coisas, o amazonense Antonio Pizzonia já chegou a liderar um GP, o bom baiano Tony Kanaan é um top driver da IRL, e até o Pará já esteve representado na F-3000, com Marcos Gueiros. No Brasil, o paraibano Valdeno Brito é um dos principais pilotos da Stock Car, que também tem pilotos do Ceará e Pernambuco.

Nos anos 60 e 70, os poucos pilotos brasileiros que se aventuravam ao exterior eram procedentes de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Brasília. Começava o bem sucedido avanço dos brasileiros no automobilismo internacional. Na época, o automobilismo nordestino se resumia ao Torneio Norte Nordeste, disputado por Fuscas no autódromo Virgilio Tavora em Fortaleza, e quase nunca incluído no calendário brasileiro. E os nordestinos não corriam no sul.


Assim, causou certa surpresa o Team Brasil que se empenhou em participar do campeonato inglês de Formula 3 de 1974, com dois irmãos do Piaui, Marcos Moraes e Luis Moraes. O carro era até patrocinado pelo governo do Piauí, mais especificamente pela empresa responsável pelo turismo no estado. Uma façanha conseguir esta verba. Trabalhei na Embratur entre 1982 e 1985 e sei que as verbas das agências estaduais de turismo eram mínimas. E põe mínimo nisso. Bem, isso não vem ao caso, e duvido que alguém tenha visitado o Piauí por ter visto o patrocínio nos carros dos Moraes. Melhor assim, pois em 1974 o estado não tinha a mínima infraestrutura turística para receber estrangeiros.

Não que o automobilismo de pista do Piauí fosse pujante. Não existia, e não existe até hoje. Os irmãos eram radicados no Rio, donos da Speed Motors, de fato Luis ganhou uma prova com um Porsche 910 em 1971. Assim que a maioria das referências aos mesmos os indica como cariocas. Marcos correu mais do que Luis Carlos.

Era uma excelente oportunidades para fazer boa figura na F-3, pois algumas provas não tinham nem dez carros no grid, e a grande maioria dos pilotos era de péssima qualidade. Houve até um indiano na jogada, Hany Wiano, algo muito raro no automobilismo de 1974, e um uruguaio, outra raridade, Pedro Passadore. Mas infelizmente o grande contingente brasileiro não aproveitou a deixa, e só Alex Dias Ribeiro ganhou corridas. José Pedro Chateaubriand correu na equipe oficial da March, mas não chegou ao topo do pódio e voltou ao Brasil botando muita banca.

No caso dos Moraes, o GRD não era lá essas coisas, de fato, a fábrica não passou daquele ano. Marcos não era muito experiente, e a temporada não foi frutífera. Julio Caio, de São Paulo, fez algumas corridas para substitutir os irmãos (e trazer algum patrocínio a mais), sem muito sucesso, e voltou encantando com a Formula Atlantic, dizendo que voltaria à Europa no ano seguinte. Nunca voltou. O melhor resultado foi um quarto, de Luis, e após algumas desavenças o Team Brasil e o Piauí se afastaram do automobilismo para sempre.

Assim chegavam os nordestinos nas pistas européias, que seja através do Rio de Janeiro.

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

Tuesday, February 19, 2013

BRASILEIROS NA FORMULA 3 , 1971

 

Só dois brasileiros se aventuraram na Fórmula 3 européia, apesar da visita da categoria no começo do ano: os cariocas Ronald Rossi e José Maria Giu Ferreira, ambos com experiência na Fórmula Ford no ano anterior. Os dois amigos compraram um par de Brabham Fords, mas a temporada não foi bem sucedida. Estavam inscritos para muitas corridas em que não apareceram, por uma série de problemas. Rossi não largou em Brands Hatch, e apesar de ter se classificado em 2° para a largada da sua bateria, na estréia em Mallory Park, seus melhores resultados foram um par de 4° lugares, na mesma corrida de Mallory e Brands Hatch. Giu conseguiu a façanha (4° lugar) na sua última corrida, em Oulton, tendo obtido dois 5°s lugares.

Naquela época não existiam equipes profissionais de F-3, como hoje, e os pilotos basicamente tinham que fazer tudo. Os dois pilotos ainda participariam da primeira temporada brasileira de F-2, do fim do ano, sem muita distinção. Como consolação, os dois cariocas foram participar em uma prova de F-3 obscura na cidade dinamarquesa de Silkeborg, e fizeram um honroso 1-2. A prova era extra-campeonato.

1 vitória

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

Monday, February 18, 2013

BRASILEIROS NA FORMULA 3, 1978


Se você perguntar a um aficionado de automobilismo brasileiro qual foi a temporada em que os pilotos do País mais se destacaram na Fórmula 3, a resposta será provavelmente 1983, quando Ayrton Senna foi campeão inglês de Fórmula 3 com 12 vitórias. Acrescentando o GP de Macau, 13 conquistas na temporada. Mas em 1978 pilotos brasileiros onseguiram quinze vitórias na categoria, sendo que dois pilotos contribuíram para as vitórias deste ano. Portanto, o ano mais bem sucedido dos brasileiros na categoria, em termos quantitativos.

Nelson Piquet voltava para a sua segunda temporada de F-3. No ano anterior disputara o campeonato europeu, e resolveu trocar para o inglês de F-3, que dava mais Ibope. E foi uma decisão acertada. Naquela época havia dois campeonatos ingleses, um mais longo, o BP, e o Vandervell, mais curto. Piquet decidiu concentrar-se no mais longo. Armado com um Ralt-Toyota, e contando com a ajuda do construtor Ron Tauranac, Piquet conseguiu ao todo 11 vitórias. No começo do ano o carro estava mal acertado, e de fato, nas 7 primeiras provas Piquet só ganhou uma, e até entre os brasileiros não era o mais destacado, pois Chico Serra obtivera melhores resultados. Foi na segunda metade do campeonato que Piquet deslanchou, com seis vitórias seguidas, inclusive as três últimas provas do ano. Piquet foi campeão do campeonato BP, a primeira conquista de um brasileiro na categoria desde 1970. Piquet ganhou quatro corridas em Silverstone, uma em Donington, uma em Mallory Park, uma em Truxthon, uma em Oulton Park, uma em Brands Hatch, uma em Snetterton, e uma em Caldwell Park. Antes do fim da temporada, Piquet já estava na Fórmula 1.

Chico Serra começou o ano mais “embalado” do que Piquet. Embora só tenha ganho na sexta prova, com 2 vitórias nas 8 primeiras corridas, Serra corria na equipe de Ron Dennis, a Project Four, com uma March 783-Toyota muito bem preparada, e obteve muitos pontos. Houve até um princípio de rixa entre os dois brasileiros, no começo do ano, quando Piquet reclamava que a imprensa brasileira dava mais bola ao paulista, com esquema mais profissionalizado, e patrocínio da Sadia. Um acidente no meio do ano o tirou de algumas corridas, e no final Serra ganhou quatro corridas, em Oulton Park, Silverstone, Brands Hatch e Thruxton. Acabou vice-campeão do BP.

Um terceiro brasileiro disputou algumas corridas, o paulista Fernando Jorge, que ja correra algumas vezes em 1977. Fernando disputou quatro corridas, e embora tenha largado em 3° em Thruxton, seu melhor resultado foi 10°.

15 Vitórias
Campeão inglês de Fórmula 3 (BP Super Visco): Nelson Piquet

Brasil Campeão Novamente


Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

Wednesday, February 13, 2013

BRASILEIROS NA FORMULA 3 de 1981


O paranaense Raul Boesel foi a grande estrela brasileira na Fórmula 3 inglesa, em 1981. Boesel havia se revelado no primeiro Torneio de Stock Cars em 1979, e no ano seguinte foi para a Inglaterra, correr em Formula Ford, ganhando nove corridas. Assim conseguiu patrocínio suficiente para subir de categoria. Na Fórmula 3, Boesel pilotou um Ralt RT3-Toyota. Desde o início foi um dos ponteiros do campeonato, embora a série fosse amplamente dominada pelo inglês Dr. Jonathan Palmer.Boesel ganhou a sua 11a. prova, em Silverstone, e depois ganhou duas outras corridas, uma em Oulton Park e uma segunda prova em Silverstone. Terminou em terceiro no campeonato, atrás de Palmer e do belga Thierry Tassin.

O brasiliense Roberto Moreno sempre teve uma carreira agitada, e não foi diferente na Fórmula 3. Moreno também correu com Ralt-Toyota, e embora tenha ganho a sua quarta corrida na categoria, em Silverstone, houve questionamentos sobre a legalidade do seu carro, e foi eliminado de algumas provas. Viria a ganhar outra corrida em Silverstone e outra em Mallory Park, mas não foi suficiente para figurar bem entre os lideres do campeonato.

Um terceiro brasileiro correu na Fórmula 3, também com Ralt Toyota. Foi o gaúcho César Pegoraro, que disputou duas corridas em Thruxton, uma válida para o cameponato (chegou em 15°) e outra extra-oficial (11°). Era a primeira vez que um gaúcho corria na categoria desde Leonel Friedrich.
6 Vitórias
Raul Boesel no seu Ralt


Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

BRASILEIROS NA FORMULA 3 , 1974



Por Carlos de Paula
De um modo geral o ano de 1974 foi um ano difícil para quase todas as categories do automobilismo mundial, salvo a Fórmula 1. A causa principal foi a forte recessão mundial, causada pelo primeiro choque do petróleo de 1973, que por conseguinte, criou a a percepção (falsa) de que o esporte automobilístico era um desperdício enorme de petróleo. A categoria que mais sentiu o baque foi a Fórmula 3 inglesa. Os grids cheios e provas disputadas de 1973 deram lugar para grids que freqüentemente tinham menos de dez carros, havendo a vezes a necessidade de incluir carros de outras categorias, para a coisa não ficar tão feia. Em uma prova de um dos torneios ingleses, só dois carros da categoria largaram!

Entretanto, diversos brasileiros haviam planejado um ataque à categoria em 1974, e pelo menos um deles com um forte esquema, na teoria. O mais bem sucedido acabou sendo Alex Dias Ribeiro, campeão brasileiro de Formula Ford em, 1973, e que já havia disputado algumas provas de F-3 no final daquele ano. Alex resolveu disputar os campeonatos com um GRD, o que não era uma má idéia em 1973, só que o carro de 1974 não era grande coisa. O patrocinador de Alex era a Hollywood, e ao todo o mineiro radicado em Brasília disputou vinte corridas e obteve três vitórias, e diversas outras colocações entre os seis primeiros. Alex teve quebras de equipamento que o impossibilitaram de disputar algumas provas, mas ganhou já na sua quinta corrida, em Snetterton, depois ganhando também am Oulton Park e Brands Hatch. Acabou sendo vice-campeão de um dos torneios.

José Pedro Chateaubriand trouxe diversos patrocinadores brasileiros, entre os quais a SPI e a Rodão, para a equipe de fábrica da March, inegavelmente a melhor posição na categoria. Entretanto, seu companheiro de equipe Brian Henton, dominou amplamente os dois campeonatos, mas o brasileiro mesmo só obteve dois segundos lugares, sem o destaque do inglês. Chateau disputou vinte e sete corridas, e obteve seus segundos lugares no final do ano, em Brands Hatch e Oulton Park.

Já Marcos Moraes, desconhecido piloto no próprio Brasil, comprou GRDs e compareceu às corridas num ambicioso Team Brasil. Pontuou na sua primeira prova, 5° em Silverstone, mas também havia tão poucos concorrentes que o difícil era não pontuar. Problemas com equipamentos e adaptações afastaram a equipe da maioria das provas da primeira metade do campeonato, mas a partir da terceira corrida de Silverstone, o carro preto estava de volta numa base permanente. A melhor colocação de Marcos foi 4°, em Thruxton, já no final do ano, e ao todo, pontuou sete vezes. Seu irmão Luis Moraes também disputou duas provas, obtendo um bom quinto lugar em Snetteron, e abandonando em Silverstone. Outro piloto a correr com o team Brasil foi Julio Caio, que chegou em 6° em Silverstone, na sua estréia, e abandonou em Snetteron. Daí por diante a equipe nunca mais alinhou dois carros, somente o carro de Marcos.

Marivaldo Fernandes alugou um carro da March quando estava na Inglaterra e realizou o sonho de correr na Europa, chegando num excelente quarto lugar em Silverstone. Teleco, que no ano anterior disputara algumas provas da categoria, só conseguiu largar três vezes, e depois desapareceu dos circuitos ingleses. Seu melhor lugar foi sétimo.

E quando Henton já tinha garantido os dois campeonatos, certamente por concessão aos patrocinadores brasileiros, a March inscreveu Jan Balder em duas corridas. Infelizmente a sua performance foi longe do desempenho de Henton, abandonando uma prova e chegando em décimo, na outra.

Ao todo, oito pilotos brasileiros disputaram ao menos uma prova do campeonato. Desses, somente Alex conseguiria atingir a Fórmula 1, embora Chateaubriabnd tenha corrido na Formula 2 no ano seguinte.
Alex e o GRD patrocinado pela Hollywood. Volta às vitórias na F3


Carlos de Paula é tradutor, escitor e historiador baseado em Miami 

BRASILEIROS NA FORMULA 3, 1973



Por Carlos de Paula

Após um hiato de um ano, voltou a haver representação brasileira na Formula 3, com três pilotos, o gaúcho Leonel Friedrich, o paulista Luis Antonio Siqueira Veiga, conhecido como Teleco, e Alex Dias Ribeiro no finalzinho do ano. Leonel tinha sido campeão brasileiro de Turismo Classe A, em 1972, e já havia corrido em monopostos na Fórmula Ford brasileira, em 1971. Escolheu o March com motor Ford, e participou dos três campeonatos ingleses. Embora não tenha ganho nenhuma corrida, Leonel chegou em segundo cinco vezes, vencendo uma bateria em Oulton Park. Chegou também em quinto em Mônaco, uma corrida na qual brasileiros geralmente tinham participação apagada. Sua melhor posição em campeonato foi quinto no Forward Trust, mas cabe lembrar que diversos bons pilotos correram na categoria naquele ano, incluindo Jacques Laffitte, Tony Brise e Alan Jones. Muito se falou da volta de Leonel à Europa no ano seguinte, e até mesmo de uma possível participação do piloto na Fórmula 2, mas Friedrich cedeu à pressão da família e abandonou o esporte para administrar os negócios familiares. Curiosamente, muitos anos mais tarde Leonel voltaria a correr na F-3, desta feita na versão sul-americana, tornando-se um dos pilotos de ponta da categoria.

Teleco e seu March

Já Teleco mal havia obtido sua licença de piloto de competição no Brasil e rumou para a Europa, após algumas corridas com Fusca no Brasil. Também escolheu um March Ford para disputar a Formula 3, mas a falta de experiência ficou patente: nas 16 primeiras corridas o melhor resultado de Teleco foi 5°, em Brands Hatch. Na última corrida de Thuxton do ano, Teleco surpreendeu, chegando em segundo e prometendo voltar no ano seguinte.

Alex já tinha acertado que correria na F-3 em 1974, e veio para a Inglaterra no final do ano para acertar detalhes. Fez duas provas de prospecção com um March, não conseguindo largar em Thruxton, e chegando em 8° em Brands Hatch.

Jose Maria Giu Ferreira estava na lista de inscritos da prova de suporte do GP da Inglaterra, mas não compareceu..

0 vitórias

Leonel Friedrich, com Alan Jones atrás