Thursday, March 7, 2013

F3 Internacional no Brasil, que diferença fazem 39 anos



Foi realizado no último fim de semana de 2010 o F3 Open em Interlagos. Só posso dizer, que diferença fazem 39 anos!!!

Em 1971 foi realizado o primeiro torneio internacional de F3 do Brasil, com provas em Interlagos e Tarumã. É certo que naquela altura das coisas, a F1 nem tinha chegado no Brasil ainda, e de fato, nem a F2. Os monopostos de F3, diga-se de passagem muito menos potentes do que os atuais, representavam o máximo em termos de monopostos internacionais vistos por uma geração jovem de brasileiros. As corridas tiveram clima de GP, e no fim das contas, até um futuro campeão mundial de F1 participou da festa, o Alan Jones. Apesar da ausência do nosso melhor piloto da época, Emerson Fittipaldi, lá estavam Wilsinho, Pace, Marivaldo, Luisinho, Fritz Jordan, etc. E outros botas da F3 da época, não brasileiros.

A maioria dos carros que disputavam corridas no Brasil, no começo de 1971, tinham motorização VW. eram Pumas, muitos Fuscas de D3, protótipos de fundo de quintal. Havia alguns puros sangues nas nossas pistas, mas eram poucos. O país não tinha uma categoria de monopostos na ocasião.

Quanto ao F3 Open, pouquíssimos carros na pista, menos de dez, o que dizer de estrangeiros. Clima de morte da bezerra, em vez de clima de F1, pouca promoção. Não tenho bola de cristal, mas não vejo nenhum futuro campeão na lista de inscritos. Quem sabe, o Alan Jones também não parecia candidato a nada em 1971.

Enfim, como 39 anos mudam as coisas. Às vezes para melhor, às vezes...

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo, e segundo alguns, pessimista.

Luiz Schaffer na F3, 1982



Luiz Schaffer era um paranaense super rápido, que após boas temporadas correndo na F-VW 1300 se aventurou a correr na F3 britânica em 1982, após temporadas na Formula Ford em 1980 e 1981. Schaffer ganhou e liderou provas na FF britânica, mas infelizmente, seus feitos foram obscurecidos por um certo Ayrton Senna da Silva que chegou na parada em 1981.

Ainda assim, Schaffer chegou na F3 antes de Ayrton. Em 1982, Luiz foi um dos três brasileiros a correr na categoria. Um deles, Roberto Moreno, já tinha experiência e ganhou corridas, após iniciar a temporada atrasado. O terceiro, Fernando Macedo correu com um Ralt da Eddie Jordan, e após diversos resultados ruins, foi substituído antes do final do ano.

Já Schaffer corria na Neil Trundle Engineering, que usava um Ralt RT3 equipado com motor Toyota preparado por Mader. Nessa altura das coisas já havia equipes profissionais de F3, e simplesmente chegar com a cara e a coragem e montar seu próprio esquema era receita para fracasso. Ainda haviam os independentes como o argentino Carlos Arguelles, mas para eles só sobravam as últimas colocações. Era jogar dinheiro fora.

Luiz começou a temporada largando em 5o. e abandonando, após um acidente. Em Thruxton, já mostrou serviço, largando em sexto e chegando em quinto. Na quarta prova, Luiz já despontava como um dos possíveis astros do campeonato, pois largou em segundo e chegou na mesma posição. Entretanto, apesar de um futuro promissor, Schaffer só marcou ponto em mais uma corrida, em Snetterton, onde chegou em quinto, e daí, basicamente, a grana acabou. Com dez pontos marcados após 7 corridas, Luiz tinha chances de chegar nos quatro primeiros do campeonato, com um pouquinho mais de sorte, pois ainda faltavam 12 provas. Infelizmente, assim acabou a sua carreira internacional. O canadense Kees Nierop tomou o seu lugar na equipe.

Curiosamente, o vice-campeão da F3 inglessa naquele ano foi um argentino, Enrique Mansilla, que corria pela West Surrey. devemos lembrar que naquele ano, a Argentina e a Inglaterra tiveram a curta guerra das Malvinas - ou seja, o platino deve ter passado poucas e boas. Além dele e do Carlos Arguelles, outro argentino participou da F3 inglesa naquele ano, Enrique Benamo. Esses três escolheram o pior ano para se aventurar na Inglaterra!!!

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

Monday, March 4, 2013

Wilsinho na Temporada de F3 de 1971

Sem dúvida, a melhor performance Wilson Fittipaldi Junior no automobilismo internacional ocorreu na Temporada Brasileira de Fórmula 3, no início de 1971. Wilson ganhou duas etapas, sendo o brasileiro que mais se destacou no torneio. E nas etapas que não ganhou, ganhou uma bateria em cada.

Havia muitos brasileiros excelentes no torneio, incluindo Jose Carlos Pace, Fritz Jordan, Luiz Pereira Bueno, Marivaldo Fernandes e dois pilotos cariocas que fariam parte da categoria naquele ano, Jose Maria Giu Ferreira, e Ronald Rossi.

Entre os estrangeiros, havia um futuro campeão mundial de F1, Alan Jones, e alguns futuros pilotos da categoria máxima do automobilismo, David Walker, Francois Migault, David Purley, Tony Trimmer e Torsten Palm. Entre os que nunca chegariam a F1, destacavam-se Giovanni Salvati, que ganhou uma prova na geral, e o suiço Jurg Dubler.

Na primeira corrida, a primeira fila foi completamente brasileira, com Wilsinho na ponta, seguido de Pace e Luisinho. Wilsinho ganhou as duas baterias, de passagem, dois 1-2 brasileiros, na primeira seguido por Pace, na segunda por Luisinho.

Uma semana depois, no dia 17, Wilsinho conseguiu mais uma vez a pole, com 3m01.8", desta vez seguido do italiano Claudio Francisci e Moco. Wilsinho ganhou as duas baterias, a primeira seguido de Salvatti e a segunda, de Walker, que era um dos pilotos oficiais da Lotus (o outro era Trimmer)

Na terceira prova, do dia 25, Wilsinho não marcou tempo de classificação, e mesmo largando em último (em vigésimo lugar) , ganhou a bateria por quatro décimos de segundo sobre Walker. Na segunda bateria, Wilsinho chegou somente em sexto, e o vencedor da bateria, Giovanni Salvati, acabou vencedor no agregado.

Em Porto Alegre, David Walker finalmente ganhou uma corrida, fazendo jus ao título  de favorito. Wilsinho marcou a pole, com Pace em terceiro lugar, e ganhou a primeira bateria, mais uma vez com um décimo de diferença. Na segunda bateria, Walker conseguiu superar Wilsinho por dois décimos, assim, ganhou na geral com um décimo de diferença!.

Walker dominaria a F-3 inglesa naquele ano, que o levou a ser contratado como piloto da Lotus na F1, em 1972.  Na F1, o piloto rápido simplesmente desapareceu, e sequer marcou um ponto enquanto o brasileiro se sagrava campeão mundial. Para piorar, Emerson Fittipaldi disse que foi o companheiro de equipe mais estranho da sua vida nas pistas. Wilsinho fez boa temporada na F2 em 1971, sem nenhuma vitória, e também chegaria na F1 em 1972. Giovanni Salvati participaria da temporada de F2 no Brasil, no final do ano, e foi morto em um acidente em Tarumã.

A Temporada Brasileira de F3 foi o epílogo da F3 de 1 litro.

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami    

Tuesday, February 26, 2013

BRASILEIROS NA FORMULA 3 , 1986


Sim, o automobilismo é. as vezes, um esporte injusto. Em termos de brasileiros, acho que a maior injustiça foi Maurizio Sandro Sala nunca ter chegado à Fórmula 1. Diversos outros pilotos com menos gabarito, mas bolsos mas cheios e melhor relacionados, conseguiram chegar lá, mas apesar de uma excelente temporada na Fórmula 3, em 1986, Sala teve que se contentar com uma carreira em carros esportes, na qual foi muito bem sucedido. Se é algum consolo, seu maior concorrente na temporada de 1986, Andy Wallace, também nunca chegou à F-1 (outra injustiça) e o terceiro colocado, Martin Donnely, por muito pouco escapou da morte na categoria maior do automobilismo. Sala já começou o ano ganhando, com seu Ralt VW, a primeira rodade em Thruxton, seguido de Wallace. As posições se inverteram em Silverstone, com Wallace em primeiro e Sala em segundo, e depois Sala conseguiu abrir vantagem sobre o inglês, com duas vitórias seguidas, em Thruxton e Silverstone. A partir daí as coisas de se inverteram, e Wallace teve um melhor fim de temporada, de fato ganhando as quatro últimas provas. Sala ainda ganharia mais uma prova, em Snetterton, perfazendo um total de quatro vitórias e o vice-campeonato inglês de Fórmula 3

4 vitórias

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

BRASILEIROS NA FORMULA 3 , 1990


Após o apagado desempenho brazuca em 1989, esperava-se muito de Christian Fittipaldi, que havia ganho o Campeonato Sul-Americano da categoria do ano anterior. O filho de Wilson Fittipaldi Jr. correu com um Ralt Honda da West Surrey Racing, insuficiente para trazer-lhe o título britânico. O ano foi dos dois finlandeses Mika, Häkkinen e Salo, e o melhor que Christian pode fazer foi obter uma vitória em Donington, além de um 2° em Silvertone e um 3°lugar em Snetterton. Niko Palhares também disputou algumas provas do campeonato inglês, com um Reynard VW e sua melhor colocação foi 10°, em Brands Hatch. Jose Cordova disputou duas provas, e sua melhor colocação tam,bem foi 10°.


A grande novidade do ano foi a participação de um brasileiro no campeonato alemão, que cada vez mais se internacionalizava. Eduar Merhy Neto escolheu a série alemã, disputando diversas corridas com um Reynard Opel. Obteve um 4° lugar em Nurburgring e um 5° em Zeltweg, Áustria.

Na Corrida de Fuji, Maurizio Sandro Sala, piloto de prestígio no Japão, correu com um Ralt Honda e abandonou.

1 vitória

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

Brasileiros na Formula 3, 1970


Após a bem sucedida expedição de Emerson Fittipaldi no campeonato inglês de Fórmula 3, dois dos melhores pilotos brasileiros da época resolveram tentar o sucesso nos diversos campeonatos ingleses nesse ano: Jose Carlos Pace e Wilson Fittipaldi Junior. Além destes, o paulista Fritz Jordan também disputou algumas provas.


A grande diferença sentida pelos pilotos brasileiros era o número imenso de corridas em que participavam: tanto Pace como Wilsinho participaram de trinta provas no ano, ao passo que no Brasil estavam acostumados a disputar no máximo cerca de dez a quinze provas por ano. Além disso, no Brasil estavam mais acostumados com corridas de longa duração, e as provas de Fórmula 3 muitas vezes mal tinham dez minutos de um ritmo frenético. Assim, os dois demoraram um pouco para pegar o ritmo das coisas, embora obtivessem diversos resultados entre os seis primeiros já desde o começo da temporada.


Pace disputou o campeonato com um Lotus 59, e obteve quartos lugares nas suas três primeiras provas. Sua primeira vitória foi obtida em Thruxton, na décima primeira tentativa mas antes do final do ano, obteria mais três vitórias, além de conquistar um dos três torneios ingleses, o Lombank. As quatro vitórias de Pace ocorreram em Thruxton, Croft, Oulton Park e Crystal Palace, um antigo circuito situado no centro de Londres.


Wilson Fittipaldi Junior também correu com Lotus-Ford, e teve uma temporada um pouco mais eclética, com algumas participações na França, em Rouen, Monthlery e Paul Ricard, além de disputar o GP de Mônaco de Formula 3. Wilsinho não foi tão bem sucedido quanto Pace, mas ganhou três vezes, em Silverstone, Thruxton e Brands Hatch, e de fato ganhou uma prova antes de Pace. Além disso, Wilsinho também ganhou a Coupe du Salon, em Monthlery, conseguindo assum ganhar uma corrida no continente. Wilsinho bateu Jean Pierre Jarier por pouco mais de um segundo.


Fritz Jordan também correu com Lotus Ford, mas não conseguiu os mesmos resultados dos dois outros brasileiros. Ainda assim, conseguiu dois 5°s lugares, em Brands Hatch e Oulton Park.

Pace no seu carro de F 3- Wilsinho no muro

8 Vitórias
José Carlos Pace, campeão do Campeonato Lombank de Fórmula 3

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami