Wednesday, February 13, 2013

BRASILEIROS NA FORMULA 3 , 1974



Por Carlos de Paula
De um modo geral o ano de 1974 foi um ano difícil para quase todas as categories do automobilismo mundial, salvo a Fórmula 1. A causa principal foi a forte recessão mundial, causada pelo primeiro choque do petróleo de 1973, que por conseguinte, criou a a percepção (falsa) de que o esporte automobilístico era um desperdício enorme de petróleo. A categoria que mais sentiu o baque foi a Fórmula 3 inglesa. Os grids cheios e provas disputadas de 1973 deram lugar para grids que freqüentemente tinham menos de dez carros, havendo a vezes a necessidade de incluir carros de outras categorias, para a coisa não ficar tão feia. Em uma prova de um dos torneios ingleses, só dois carros da categoria largaram!

Entretanto, diversos brasileiros haviam planejado um ataque à categoria em 1974, e pelo menos um deles com um forte esquema, na teoria. O mais bem sucedido acabou sendo Alex Dias Ribeiro, campeão brasileiro de Formula Ford em, 1973, e que já havia disputado algumas provas de F-3 no final daquele ano. Alex resolveu disputar os campeonatos com um GRD, o que não era uma má idéia em 1973, só que o carro de 1974 não era grande coisa. O patrocinador de Alex era a Hollywood, e ao todo o mineiro radicado em Brasília disputou vinte corridas e obteve três vitórias, e diversas outras colocações entre os seis primeiros. Alex teve quebras de equipamento que o impossibilitaram de disputar algumas provas, mas ganhou já na sua quinta corrida, em Snetterton, depois ganhando também am Oulton Park e Brands Hatch. Acabou sendo vice-campeão de um dos torneios.

José Pedro Chateaubriand trouxe diversos patrocinadores brasileiros, entre os quais a SPI e a Rodão, para a equipe de fábrica da March, inegavelmente a melhor posição na categoria. Entretanto, seu companheiro de equipe Brian Henton, dominou amplamente os dois campeonatos, mas o brasileiro mesmo só obteve dois segundos lugares, sem o destaque do inglês. Chateau disputou vinte e sete corridas, e obteve seus segundos lugares no final do ano, em Brands Hatch e Oulton Park.

Já Marcos Moraes, desconhecido piloto no próprio Brasil, comprou GRDs e compareceu às corridas num ambicioso Team Brasil. Pontuou na sua primeira prova, 5° em Silverstone, mas também havia tão poucos concorrentes que o difícil era não pontuar. Problemas com equipamentos e adaptações afastaram a equipe da maioria das provas da primeira metade do campeonato, mas a partir da terceira corrida de Silverstone, o carro preto estava de volta numa base permanente. A melhor colocação de Marcos foi 4°, em Thruxton, já no final do ano, e ao todo, pontuou sete vezes. Seu irmão Luis Moraes também disputou duas provas, obtendo um bom quinto lugar em Snetteron, e abandonando em Silverstone. Outro piloto a correr com o team Brasil foi Julio Caio, que chegou em 6° em Silverstone, na sua estréia, e abandonou em Snetteron. Daí por diante a equipe nunca mais alinhou dois carros, somente o carro de Marcos.

Marivaldo Fernandes alugou um carro da March quando estava na Inglaterra e realizou o sonho de correr na Europa, chegando num excelente quarto lugar em Silverstone. Teleco, que no ano anterior disputara algumas provas da categoria, só conseguiu largar três vezes, e depois desapareceu dos circuitos ingleses. Seu melhor lugar foi sétimo.

E quando Henton já tinha garantido os dois campeonatos, certamente por concessão aos patrocinadores brasileiros, a March inscreveu Jan Balder em duas corridas. Infelizmente a sua performance foi longe do desempenho de Henton, abandonando uma prova e chegando em décimo, na outra.

Ao todo, oito pilotos brasileiros disputaram ao menos uma prova do campeonato. Desses, somente Alex conseguiria atingir a Fórmula 1, embora Chateaubriabnd tenha corrido na Formula 2 no ano seguinte.
Alex e o GRD patrocinado pela Hollywood. Volta às vitórias na F3


Carlos de Paula é tradutor, escitor e historiador baseado em Miami 

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